Sonhos ultrajados.
Carlos, estava cançado da vida pacata na cidade de Ponta Grossa, Paraná, pensava seriamente em vir para São Paulo tentar a vida. Seus pais, eram contra, sua mãe como qualquer mãe apenas pensava na felicidade de Carlos, seu pai mais severo, sempre foi rude na criação dos filhos, não admitia, pois ele se criou ali como seus pais e nunca lhes faltou nada, cidade grande para quem é caipira é meio complicado, dizia seu pai. Carlos estava decidido, vendeu algumas coisas juntou algum dinheiro, comunicou sua mãe, fugiu de seu pai e veio para São Paulo. Na viagem pensava no que que tinha feito com seu pai, vir assim sem falar nada, nem um tchau, mas se falasse ele não iria permitir que viesse, mas quando estivesse bem empregado ganhando bem, então retornaria a sua cidade e explicaria tudo para seu pai que o entenderia, se ele mostrasse que tinha se dado bem. Sua mãe o aconselhava ir para Curitiba, uma cidade evoluida também, bem melhor de viver do que São Paulo, pois era mais perto, mas o sonho de Carlos era São Paulo, imagine só ele artista, ator, atuando em novelas, nas páginas das revistas como modelo, afinal era bonito, alto e quem sabe depois até o Rio de Janeiro na rede Globo. Chegando em São Paulo, Carlos se assustou com a multidão na rodoviária Tiete, nossa quanta gente! Ficou um pouco assustado, mas não poderia amarelar na primeira impressão. Sem saber para onde ir, ficou horas sentado, pensando como ia fazer para alugar um quarto, um hotel, olhava para aquelas ruas onde se perdiam entre tantos prédios, perguntava aos transeuntes a respeito de hoteis mas ninguém o informava. Pensou que seria assim mesmo díficil, nunca soube que alguém vencesse sem sacrificios, iria tomar um lanche sair da rodoviária, caminhando pela ruas seria mais fácil arruma um lugar para descançar afinal dinheiro ele tinha não era muito mas dava para se manter por alguns meses. Derrepete! Dois homens se aproximam dele dizendo ser policiais, estranhou pois na sua cidade policiais se vestem de maneira diferente, suas fardas são de outras cores, sua mãe tinha razão ele não sabia nada de São Paulo. Os policiais diziam que ele havia furtado a bolsa de uma senhora, a qual dizia que era ele mesmo pois, estava sentado ao lado dela nas cadeiras de espera, ele nem a viu pois perdido nos seus pensamento não a notara, o revistaram, não estava com a bolsa, mas os policiais entenderão que ele tinha desfeito da bolsa e o levaram para a delegacia, onde ficou preso, suas explicações não valeram de nada, não deixaram telefonar para sua família, apanhou feito um cão de rua, nem seu pai com toda sua maneira brusca de educar, bateu tanto nele como aquele policiais, ficou todo machucado, não conseguia respirarar. Carlos foi para o Centro de Detenção Provisória, um mundo totalmente estranho do que ele conhecia, lembrou dos conselhos de seu pai, da sua mãe e não conseguiu segurar as lágrimas. No presídio existem regras e leis entre o presos as quais Carlos não conseguia se adaptar, veio a saudade de casa e a certeza de que lá era o seu lugar e que nunca deveria ter saído. Ficou 15 dias no RO, lugar onde os presos ficam quando chegam no CDP, até irem para as celas, sem visitas e sem contatos, para ele era indiferente, não conhecia ninguém em São Paulo. No lugar do seu nome ganhou um número de mátricula, aquele Carlos sonhador tornou-se um detento triste e calado, precisa comunicar seus pais, mas não sabia como, precisa também de um advogado, mas seguer sabia onde estava quanto mais onde ia encontrar um advogado, seu dinheiro, suas coisas ficaram com a policia, ficou apenas com a roupa do corpo que fora trocada pelo uniforme do presidio. Não culpava e nem pedia nada a Deus, afinal ele era o único culpado por ter desobedecido seus pais. Na cela conheceu Pedro que estava preso a 05 meses por assalto, infelizmente ali não podia escolher as amizades como sempre aconselhou seus pais, revoltado por estar preso inocente o desejo de se tornar realmente um marginal, as vezes vinha em sua mente, mas depois pensava na sua mãe, acreditando que ele ia ser alguém em São Paulo, afastava essas idéais, não se tornara alguém importante como pretendia mas também não ia cair no crime para não decepcionar sua família. Pedro tinha um advogado, e falou que ia conversar com ele para que ajudasse Carlos. Um mês na prisão, para Carlos ja parecia um ano, seus 23 anos pareciam 30 anos, O advogado de Pedro veio falar com ele e se propos a entrar em contato com a sua família em Ponta Grossa. A resposta veio curta e grossa, assim que saisse da prisão era para voltar imediatamente para a casa, o dinheiro que se estava gastando com advogado, Carlos ia ter que pagar ao pai até último centavo, trabalhando no sítio da famíla, pois sempre teve tudo e não deu valor, e não ia escapar de um corretivo mais severo. Mais um mês e o tão sonhado álvara de soltura chega até Carlos que chora de emoção, sai do presídio, sem dinheiro sem documento, com roupa que o Pedro lhe dera, mas sentindo-se o homem mais abençoado do mundo. chegando na rodoviária Tiete recorda os dia de sua chegada, não se sente derrotado, muito pelo contrário sente-se vitorioso, feliz, aprendera em 02 meses o que não aprendeu em seus poucos anos de vida, no presídio os presos ensinaram como tinha que fazer para ir embora, foi assim que coseguiu com a Assistente Social da Rodoviária passagem para Ponta Grossa. Sabia que quando chegasse em casa ia levar uma surra daquelas do seu pai, mas não estava preocupado com isso, pois não seria mais dolorida do que a surra que levou aqui de pessoas estranhas, onde feriram seu orgulho, sua dignidade. Nunca mais pisaria em São Paulo, onde não existe soliedaridade, quando alguém é acusado de um crime, não teve a chance de se defender, o jogaram num lugar podre onde as pessoas vivem em condições sub humana, são excluídas e abandonas, mas foi lá entre os presos que conheceu grandes amigos, que o ajudaram, provando para ele que por maior que seja o crime que a pessoa tenha cometido, ela pode ser recuperada, pois foi entre o criminosos que ele encontrou apoio e fraternidade. Enganou-se Carlos, pois teve que voltar várias vezes para São Paulo, para as audiências do processo no qual era acusado. Carlos foi condenado a 03 anos em aberto, sendo a pena substituida em trabalhos a comunidade. Seu advogado conseguiu que Carlos cumprisse a pena em Ponta Grossa, onde trabalha um dia por semana no IML. Carlos não apanhou do pai, pois a vida já tinha o ensinado, tornou-se grande amigo do pai, pois agora segue os seus conselhos e sabe que que os pais são chatos para o bem dos filhos e que o não as vezes é estritamente necessário. Gely Arruda
Enviado por Gely Arruda em 09/08/2007
Alterado em 08/06/2020 Copyright © 2007. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |